segunda-feira, 30 de maio de 2011

nossos 'yin-yang' e nossos 'buracos negros'.




   Eu estava conversando com a Paula há uns dias atrás sobre algo que é muito característico meu e, pelo visto, dela também.. isso de saber que podemos e devemos encontrar em nós mesmo a capacidade e as ferramentas necessárias para resolver nossos problemas e como há pessoas que desconhecem serem capazes de tal e, ainda pior, como há pessoas que se desconhecem por completo.


   A busca pelo autoconhecimento sempre esteve presente em minha vida, desde muito nova. Algo da minha própria natureza e, certamente, muito influenciada pelo meu pai; homem sábio, vivido e pelo qual tenho grande admiração.


   Sempre fui uma pessoa muito observadora, era extremamente quieta e reservada, totalmente imersa em meu próprio mundo.. me colocando apenas como uma espectadora da vida, das pessoas.  Então posso dizer que sou uma pessoa instrospectiva desde... hmm... sempre.
Segundo Jung e suas  teoria da personalidade, existem pessoas extrovertidas e introvertidas.


   ''Na extroversão, a energia da pessoa flui de maneira natural para o mundo externo de objetos, fatos e pessoas, em que se observa: atenção para a ação, impulsividade (ação antes de pensar), comunicabilidade, sociabilidade e facilidade de expressão oral. Extroversão significa “o fluir da libido de dentro para fora.”. O indivíduo extrovertido vai confiante ao encontro do objeto. Esse aspecto favorece a sua adaptação às condições externas, normalmente de forma mas fácil do que para o indivíduo introvertido.


   Na introversão, o indivíduo direciona a atenção para o seu mundo interno de impressões, emoções e pensamentos. Assim, observa-se uma ação voltada do exterior para o interior, hesitabilidade, o pensar antes de agir; postura reservada, retraimento social, retenção das emoções, discrição e facilidade de expressão no campo da escrita. O introvertido ocupa-se dos seus processos internos suscitados pelos fatos externos. Dessa forma o tipo introvertido diferencia-se do extrovertido por sua orientação por fatores subjetivos e não pelo aspecto objetivamente dado.''


   Eu, sem dúvida, pertenço ao segundo grupo.


   Sinceramente acredito que as pessoas que possuem a personalidade introvertida se conhecem mais, justamente por estarem mais atentas à sua subjetividade, e se conhecendo bem têm mais facilidade em discerni o porque das coisas e como solucioná-las.


   Acho que todos deveriam trabalhar isso, acho que todos deveriam buscar isso. Há tantas maneiras, terapias, meditação, isolamento... só acho que todos deveriam se preocupar  com a sua subjetividade, com a construção dela... deveríamos estar mais conscientes de como somos ativos e de como isso se estabelece em nós.


   Para os que não sabem a subjetividade é o mundo interior da pessoa, é o espaço íntimo da pessoa com ela mesma. É a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. É o mundo das idéias, significados e emoções construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações afetivas e comportamentais.  É o que constitui o nosso modo de ser, ou seja, cada qual é o que é: sua singularidade.
   Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao indivíduo. Ele a constrói aos poucos, apropriando-se do material do mundo social e cultural, e faz isso ao mesmo tempo em que atua sobre este mundo, ou seja, é ativo na sua construção. Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e transforma a si próprio.


“O importante e bonito no mundo é isso: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam”. Guimarães Rosa


   Mas por quê? Como? Simplesmente porque a subjetividade não cessará de se modificar, pois as experiências sempre trarão novos elementos para renova-la. Por acompanhar de perto suas próprias transformações, o homem pode não percebe-las e ter a impressão. 


   A nossa subjetividade,(emoções/sentimentos/pensamentos) nos leva a viajar no tempo e no espaço. Muitas vezes nos desvia e engana, nos conduzindo para um mundo só de fantasias. Este é solitário porque os nossos pares (ou quem desejamos) não participam efetivamente deste mundo de ilusão. A nossa mente não permite convidados... é uma solitária também.


   O ontem e o amanhã são virtualidades, o hoje é a verdadeira realidade.


   A construção da subjetividade é muito delicada e acontece quase que completamente de forma inconsciente mas, mesmo assim, devemos procurar estar atentos à forma que a estamos moldando, afinal, estamos falando do que é mais íntimo em nós e que nos estrutura, e para nos mantermos firmes devemos construir algo sólido, sadio; e importante como é, devemos sempre interagir harmoniosamente com o mundo externor, buscar estar em congruência, em equilíbrio com o mundo externo, só assim pode-se afirmar uma vivência plena. 


   Tendo explicado o que é a subjetividade, volto ao que eu e Paula conversamos.


   Nós não gostamos de compartilhar com outros as coisas que nos inquietam; eu, particularmente, apenas por uma questão de escolher não fazê-lo por achar que ninguém me entenderia realmente. Penso que, por mais que eu explique de N maneiras diferentes ninguém me entenderá e me enxergará do jeito que eu realmente sou. Sou eu mesma a pessoa que mais me conhece no  mundo, sendo assim sou a mais indicada a ME ajudar.  
   
   Carl Rogers sugere que em cada um de nós há um impulso inerente em direção a sermos competentes e capazes quanto o que estamos aptos a ser biologicamente. Assim  como uma planta tenta tornar-se saudável, como uma semente contém dentro de si impulso para se tomar uma árvore, também uma pessoa é impelida a se tomar uma pessoa total, completa e auto-atualizada.
Todos nós possuimos essa capacidade, basta trabalhá-la, desenvolve-la.. e para tal é indispensável que busquemos conhecer nossa essência.
   
   Nem todo mundo tem facilidade em olhar pra dentro de si, nem todo mundo tem uma sensibilidade para entender e sentir como as coisas realmente funcionam e muitas dessas pessoas buscam ajuda de um psicólogo para isso.
Me identifiquei muito com o Jung(criador da Psicologia Analítica), quando li sua biografia  e em uma determinada parte que ele abordava a Individuação(que pra nós, seria essa busca pelo autoconhecimento)..  Jung trilhou  a individuação, pois havia a necessidade imperiosa nele de ir ao inferno e voltar para poder mostrar o caminho da volta àqueles que ficaram perdidos pelo caminho da vida. Tornou-se ele uma resposta sincera e corajosa ao nosso tempo. "Sou eu próprio uma questão colocada ao mundo e devo fornecer minha resposta; caso contrário, estarei reduzido à resposta que o mundo me der" (Carl Gustav Jung).


   Outra coisa que eu me indentifico é o Taiji.. o 'yin-yang' que simboliza o equilíbrio das  forças da natureza, da mente e do físico... e eu acho que é por aí, que esse é o segredo...  buscar o equilíbrio das coisas, porque tudo tem dois lados e o bom é que saibamos conviver com os dois, que a balança permaneça no meio, sem tender pra nenhum dos lados porque o melhor caminho é sempre o do meio.




   Enfim, por que precisamos nos conhecer para mudar, para nos ajudar, etc? Porque mudar em qualquer direção não é eficiente, uma vez que na maioria das vezes não vai trazer resultados positivos em termos de qualidade de vida.
Precisando da ajuda de amigos ou profissionais.. tanto faz, o que importa é que façamos disso um exercício diário.. que a busca pelo autoconhecimento seja um objetivo  e seja levado a sério... tudo o que precisamos, todas as chaves estão dentro de nós, basta estarmos preparados e determinados a achá-las.. qualquer esforço para esse fim, sem dúvida, valerá a pena. 

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